Há outra teoria que diz que os limites do universo são uma dimensão em 9-D, que seriam como as "paredes do universo", onde nada poderia passar. Além dessa dimensão, existiriam outros universos presos por "paredes
antes do big bang em seu lugar havia apenas uma bola de luz que era o ponto de materia que iria explodir no big-bang... c naum for issu, no lugar do big bang, antes dele tb, naum havia nada, apenas escuridão. o Universo tem limites, provavelmente, se conseguissemos ultrapassar esses limites, alehm deles naum haveria nada, ou haveria um Universo paralelo ao nosso. mas vc sabe como eh, limites saum limites, naum se ultrapassa um limite... nem mesmo um limite da natureza. "limite"<<<>Quasares: quase testemunhas do Big Bang
O que se sabe sobre os quasares ainda é muito pouco, no entanto os cientistas acreditam que estão nos quasares as pistas mais promissoras para confirmar a teoria do Big Bang e para que possamos compreender a origem do universo; ainda, o que são os buracos negros.
Eles foram descobertos há apenas 25 anos, mas é certo que brilham no espaço intensamente há 15 bilhões de anos desde a origem do Universo. Aos poucos os cientistas vão descobrindo coisas sobre eles e todas são realmente extraordinárias.
Por Almyr Gajardoni e Joseph Scheppach
Trata-se de um pequeno, quase insignificante ponto de luz azulada no céu escuro, que pode ser visto na constelação de Sagitário. Foi descoberto na noite de 15 de Setembro de 1983 e recebeu a burocrática denominação de PKS 2000-330. mas que ninguém se iluda com a modéstia dessa apresentação.
O PKS 2000-330 é um dos 684 quasares descobertos pelos astrofísicos em 25 anos de pesquisa faz parte, portanto, de um dos mais fascinantes enigmas que desafiam a curiosidade do homem. E todos os números que compõem o seu dia-a-dia são, no mínimo, de perder o fôlego.
A começar pela capacidade de radiação, ou seja, de produzir e transmitir energia. Pois qualquer quasar é capaz de irradiar tanto quanto 300 bilhões de sóis ao mesmo tempo. Aliás, se não fosse assim, nem conseguiríamos descobrir um deles no céu, pois os quasares, graças a esse poder portentoso, são os corpos celestes mais distantes que já conseguimos identificar. O PKS 2000-330, por exemplo, encontra-se a 15 bilhões de anos-luz da Terra. Se quiser, faça as contas: a luz viaja à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo; reduzir essa distância a quilômetros significa escrever um número que tem 23 zeros.
Há quasares mais próximos, é certo O 3C 273 está a apenas 3 bilhões de ano-luz, o que ainda é muito, mas muito longe. Assim distantes, é natural que os astrônomos nem consigam dizer, com exatidão, o que são eles. Seu próprio nome já é vago: fonte de rádio quase-estelar, do inglês quasi-stellar radio source, de onde vem o acrônimo quasar. Como nem todos se revelaram fontes de rádio tão poderosas, foram chamados objetos quase estelares (QSO). Alguma coisa, em todo caso, podemos saber a respeito. Estão em galáxias gigantescas, com diâmetro em torno de 500 mil anos-luz (a Via Láctea, a galáxia onde estão o Sol e seus planetas, tem 100 mil anos-luz de diâmetro).
Eles fazem parte de galáxias ativas, relativamente jovens. Mas isso só podemos perceber quando o próprio quasar envelhece, pois quando jovem ele brilha tão intensamente que ofusca todas as estrelas da galáxia. Sendo assim, é até possível que nem existam mais quasares atualmente. Se o nosso conhecido PKS 2000-330 tivesse deixado de brilhar há 15 bilhões de anos, sua energia ainda estaria chegando à Terra. Essa é mais ou menos a época em que os cientistas supõem que ocorreu o Big Bang, dando origem ao Universo. Dai a idéia de que os quasares são corpos celestes dos mais antigos que conhecemos.
Também não há dúvida de que uma força muito poderosa faz com que as estrelas dessa galáxia se mantenham concentradas em torno do seu núcleo, como um rebanho de ovelhas comportadas. Há aproximadamente uns quatro anos a maioria dos cientistas que se dedicam ao estudo dos quasares chegou a um acordo: esse vigia do rebanho só pode ser um buraco negro outro enigma fantástico que desafia a imaginação.
Se fosse possível olhar o quasar bem de perto, vertamos que do seu núcleo extraordinariamente luminoso saltam longas fontes de gás, que brilham intensamente em tons vermelho - azulados e chegam a atingir o comprimento de 80 milhões de anos-luzou 800 vezes maior que toda a Via Láctea.
A principal característica dos quasares parece ser essa: a brilhante, incomum luminosidade do seu centro. Ainda assim, mesmo observado pelo mais potente telescópio ótico, um quasar fatalmente se confundirá com uma estrela comum. Suas características só começam a ser reveladas quando passam pelos radiotelescópios. Os maiores telescópios óticos têm lentes de 3 metros de diâmetro; os mais modernos, combinando mais de uma lente, conseguem chegar até os 50 metros. Já a antena do radiotelescópio de Jodrell Bank, na Inglaterra, alcança 76 metros.
Mas há outra vantagem: é possível combinar vários radiotelescópios, mesmo que estejam localizados em diversos países ou continentes, e obter imagens que equivalem, por sua nitidez e precisão, à capacidade de resolução de um telescópio ótico que tivesse uma lente de 12 mil quilômetros. Não é exagero dizer que com os melhores radiotelescópios hoje existentes é possível "enxergar" a mão de uma pessoa sobre a superfície da Lua.
Que tais supertelescópios são necessários quando se estudam os quasares ficou claro na noite de 5 de fevereiro de 1963: o astrônomo holandês Maarten Schmidt, trabalhando no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos. decidiu seguir uma súbita inspiração. Ele havia observado as linhas espectrais encontradas na luz proveniente de uma fonte de radiação, na constelação de Virgem, denominada 3C 273, que significa: inscrição número 273 no Terceiro Catálogo de Fontes de Rádio da Universidade de Cambridge.
Essas linhas espectrais revelam os materiais que compõem o corpo celeste observado e no caso do 3C 273 havia seis linhas amplas que, no entanto, não se ajustavam a nenhum dos 92 elementos que aparecem na natureza. Maarten pensou, então: e se as linhas espectrais não estivessem no lugar certo, por estarem submetidas ao efeito Doppler os deslocamentos para o vermelho ou o azul? No deslocamento para o vermelho, a luz do corpo celeste se torna mais vermelha do que é na realidade, devido à velocidade de seu movimento no espaço; e, no deslocamento para o azul, ela se torna mais azul. É o mesmo que acontece com o som de uma ambulância que passa na rua em disparada: quando ela se aproxima de nós, a sirene fica mais aguda; quando ela se afasta, fica mais grave.
O deslocamento para o azul equivale à subida do som e indica que o corpo celeste está se aproximando da Terra; o deslocamento para o vermelho indica que ele se afasta. Quase sempre a luz das estrelas apresenta deslocamento para o vermelho, pois o Universo se expande permanentemente e os corpos se distanciam uns dos outros. Nas estrelas comuns, o deslocamento para o vermelho é de 0,1 por cento ou seja, sua luz fica 0,1 por cento mais vermelha. Maarten mediu o deslocamento do 3C 273 e não conseguiu evitar um comentário assustado à mulher, quando voltou para casa: "Hoje me aconteceu algo incrível".
Incrível mesmo. O deslocamento para o vermelho que ele medira era de 15,8 por cento. Significa que aquele corpo celeste se afastava da Terra à velocidade de 47 000 quilômetros por segundo. Só para ter uma idéia: a Terra gira ao redor do Sol à velocidade de 30 quilômetros por segundo. Desde que o astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953) fixou o deslocamento para o vermelho como medida da velocidade de afastamento de um corpo celeste, ficou claro também que essa velocidade aumenta quanto mais longe da Terra esteja o referido corpo.
Atualmente, deslocamentos para o vermelho de 15,8 por cento não espantam mais ninguém. Correspondem a uma distancia de apenas 3 bilhões de anos-luz, que é onde se encontram os quasares mais próximos. O PKS 2000-330 que estamos conhecendo tem 350 por cento de deslocamento para o vermelho: significa que ele se afasta de nós à velocidade de 276 000 quilômetros por segundo 92 por cento da velocidade da luz e que está a algo em torno de 15 bilhões de anos-luz de distancia.
Depois da descoberta de Maarten Schmidt, os quasares ganharam o seu nome esquisito e entraram para o rol das preocupações dos astrofísicos. Algumas descobertas foram feitas: eles estão muito longe, viajam a velocidades altíssimas e são muito antigos. Analisando a radiação de um quasar no campo das ondas de rádio, cujo comprimento vai dos centímetros aos quilômetros, verifica-se que ela provém de uma fonte em forma de ponto. As galáxias comuns são fontes de rádio dilatadas, pois irradiam em toda a sua extensão, embora a intensidade vá aumentando aos poucos de fora para dentro.
A radiação do quasar é tão forte quanto a da galáxia, mas está concentrada num único ponto de origem. Durante algum tempo imaginou-se que estrelas gigantescas girassem no núcleo central dos quasares, a velocidades altíssimas e com isso criando as fortes ondas de rádio que eles emitem. Cálculos precisos mostraram que tais estrelas não podem existir: ou seriam pequenas demais, ou girariam a tamanha velocidade que fatalmente seriam destruídas. Pensou-se também no encontro de grandes quantidades de matéria e antimatéria, capaz de provocar radiação tão forte. Mas esse caminho também não é o correto. Por que haveria tanta antimatéria nos quasares se não se encontra quase nada dela em nenhum outro ponto do Universo?
A verdade é que é difícil imaginar como pode ser liberada tanta energia num ponto relativamente pequeno, de forma que o fenômeno possa ser registrado por nossos aparelhos, aqui na Terra, a uma distância descomunal como os 15 bilhões de anos-luz. As imagens obtidas através dos sinais de rádio mostram que as galáxias comuns têm, na parte externa, braços de espiral relativamente planos, e no centro uma parte mais larga, em forma de disco. Nos quasares, falta esse disco: a ponta de irradiação parece saltar diretamente de uma esfera. A explicação mais plausível para sua intensa luminosidade é a concentração de grande número de estrelas na parte central, apertadas como sardinhas em lata. É claro que essa comparação é forçada ainda quando muito próximas, as estrelas estão a considerável distância umas das outras. Outra hipótese, mais recente, é que os quasares e sua extraordinária capacidade de radiação seriam fruto do choque ou encontro de duas ou mais galáxias. Isso provocaria o desvio das órbitas das estrelas e dos movimentos das nuvens de gás interestelar, e tudo seria então engolido pelo buraco negro.
Como se vê, há muito ainda que pesquisar e descobrir sobre esses fantásticos corpos celestes. Em janeiro passado, uma centena de cientistas reuniu-se em Tucson, Arizona, EUA, num congresso internacional destinado exclusivamente a discutir os quasares e as inúmeras teorias construídas em torno deles. As conclusões começarão a ser conhecidas nos próximos meses. Esses cientistas estão certos de que estão nos quasares as pistas mais promissores para confirmar e para que cheguemos, enfim, à compreensão da origem do Universo.
Para saber mais:
Velozes raios do sol
(SUPER número 6, ano 4)
O brilho das estrelas negras (SUPER número 4, ano 8)
Atenção, tripulação!
(SUPER número 7, ano 8)
Boxes da reportagem
Deles nem a luz consegue escapar
Os buracos negros são uma engenhosa criação teórica que explica muita coisa no Universo, mas nada provou até agora, que eles existam de fato. Ninguém viu um buraco negro, pois eles têm características muito peculiares. Uma nave, para sair de um planeta, ou de um corpo celeste qualquer, deve ter uma velocidade suficiente para escapar à força de gravidade desse corpo. Os foguetes que levam satélites para a órbita da Terra devem subir a 11 quilômetros por segundo. Para sair da Lua são necessários 2 quilômetros por segundo. Já para sair do Sol seriam necessários 600 quilômetros por segundo.
Agora imaginemos um corpo celeste que fosse tão denso, com matéria tão concentrada, que exigisse mais de 300 000 quilômetros por segundo. Nesse caso nada poderia escapar dele? nem a luz, que viaja a essa velocidade a maior que pode ser atingida, segundo as leis da Física. Os buracos negros são assim. Não podemos vê-los. porque eles não permitem que a luz saia e chegue até nós.
Segundo a Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein a força gravitacional da matéria retarda a passagem do tempo. Quem olhasse um corpo muito denso a distância veria que o tempo ali corre devagar. O efeito dessa diminuição da velocidade do tempo será aumentar o comprimento da onda da luz emitida por esse corpo. Se a densidade do corpo aumentar além de um certo limite. O tempo pára, o comprimento da onda de luz torna-se infinito o que significa que ela deixa de existir e a luz se apaga.
É provável que os buracos negros se formem com a morte das estrelas maciças. As camadas exteriores da estrela explodem, dando origem a uma supernova; e as camadas interiores implodem e da implosão surgiria o buraco negro. Outros podem ter aparecido já na formação do Universo, quando densidades extremas marcaram a explosão do Big Bang.
É o possante campo de gravidade dos buracos negros que oferece a única possibilidade de detectar sua presença. No céu existem muitas estrelas duplas, que giram uma em torno da outra, muito próximas. Descrevem uma espécie de círculo centrado num ponto situado entre elas. Se uma dessas estrelas fosse um buraco negro, só seria vista sua companheira, descrevendo um círculo aparentemente sozinha mas a influência gravitacional da outra se faria sentir. Alguns casos desse tipo são conhecidos.
Outra hipótese para explicar a origem dos buracos negros são os quasares, potentes emissores de radiação. A origem dessa radiação concentra-se num ponto minúsculo, no centro da galáxia. Parece paradoxal invocar a presença de um buraco negro para explicar um corpo que irradia tanto. É possível, pois o buraco negro atrai e devora tudo que está por perto: nuvens interestelares, planetas, estrelas. Graças à sua poderosa atração, esses corpos caem nele a uma velocidade prodigiosa e nesse instante se aquecem e brilham intensamente, até atravessarem uma linha imaginária chamada horizonte do acontecimento. O que passar dessa linha não volta, nem mesmo a luz.
"Precisamos mais do que simples cosmologia para compreender a estrutura e o significado do universo." A cosmologia trata da estrutura e origem do universo. A cosmologia moderna começou na década de 1920, quando os maiores telescópios de então estavam sendo usados para estudar os objetos mais remotos no espaço e para achar respostas a questões sobre a estrutura do universo. As respostas levaram a perguntas sobre a origem do universo. As observações do astrônomo norte-americano Edwin Hubble (1935) demonstraram que quase todas as galáxias indicam um "deslocamento para o vermelho". Isso significa que a cor da luz que recebemos delas é mais vermelha do que quando partiu de sua fonte. Um modo possível de produzir tais mudanças de cor é pelo efeito Doppler, isto é, o movimento das galáxias afastandose da Terra. Para interpretar suas observações, Hubble precisava de um modelo cosmológico do universo. Diversos modelos existiam na época. Os de Milne e Lemaitre indicavam um universo em expansão de acordo com a Teoria Geral da Relatividade, de Einstein. O modelo de Zwicky era mais estático, mas requeria ajustes menores à física conhecida e nenhuma introdução de conceitos novos. Era, portanto, o quadro ao qual as observações de Hubble podiam adaptar-se melhor. O próprio Hubble não estava muito seguro sobre como interpretar suas observações e, sendo relutante de início para tirar a conclusão de um universo em expansão, chamou os deslocamentos para o vermelho de "deslocamentos aparentes de velocidade". Pouco depois, Hubble abandonou em parte suas reservas iniciais e interpretou o deslocamento para o vermelho pelo efeito Doppler; isto é, concluiu que a maior parte das galáxias está se afastando de nós. Daí surgiu a expressão "universo em expansão". O passo seguinte foi simples. Se hoje o universo está se expandindo, então, no passado, ele devia ser menor. Retrocedendo bastante no tempo, o universo deve ter tido um tamanho mínimo a partir do qual se expandiu. Parecia uma conclusão lógica dizer que o universo teve um começo no tempo. Não devia surpreender que essa idéia fosse bem recebida pelos cristãos, que viram esse momento no passado como o equivalente ao "no princípio" de Gênesis 1:1. Não se podia responder facilmente à questáo de quão longe no passado ocorreu este começo. Era necessário medir não só a velocidade presente de expansão mas também suas variações com a distância. A relação observada entre distância e deslocamento para o vermelho é chamada a lei de Hubble, e o parâmetro que descreve a expansão do universo é o parâmetro de Hubble, Ho. A primeira estimativa de Hubble deu H0= 500 km/seg/kpc com uma conseqüente idade do universo de 2 bilhões de anos. Isso causou um problema imediato, porque os geólogos já tinham calculado a idade da Terra como de uns quatro bilhões de anos, e era inconcebível que a Terra, como parte do universo, pudesse ser mais velha que o próprio universo. A razão dessa estimativa baixa para a idade do universo era a distância limitada para a observação das galáxias naquele tempo. Ao se fabricarem telescópios mais poderosos, o valor de Ho podia ser determinado com maior precisão, com um melhor acordo entre as escalas geológica e cosmológica de tempo. Por volta de 1960, a situação tinha melhorado tanto que a idade do universo então geralmente aceita era de cerca de 10 bilhões de anos. Embora outras teorias sobre a história inicial do universo tenham surgido através dos anos, o mundo científico em geral aceitou a teoria do Big Bang depois da descoberta de evidência importante em 1965. Em suas fases iniciais, supõe-se que o Big Bang tenha consistido de um gás muito quente e muito denso de partículas elementares no início, e de hidrogênio e hélio mais tarde. Neste gás, a luz emitida por uma partícula não podia ir longe antes de esbarrar com outra partícula, quando sua direção e freqüência seriam alteradas. Assim, se tivesse sido possível ver o universo primitivo de fora, poder-se-iam ver somente as camadas exteriores; o universo não era transparente. Como resultado da expansão contínua do universo, por fim sua densidade teria diminuído o bastante para permitir que a radiação emitida por uma partícula pudesse atravessar quase todo 0 universo sem encontrar outra partícula. Naquele momento o universo se tornou transparente. O universo teria então uns 300 mil anos. Esta é uma idade bastante reduzida; 300 mil anos de um total de cerca de 15 bilhões é equivalente a duas horas na vida de uma pessoa de 50 anos. Já na década de 1940, Gamow, Alpher e outros tinham previsto essa situação e tinham calculado que a radiação emitida naquela época poderia atingir-nos hoje sem modificação e, assim, informar-nos sobre a condição do universo de então. Em 1965, dois engenheiros trabalhando para a companhia de telefones Bell fizeram uma descoberta inesperada. Acharam um barulho estranho que atingia sua antena de rádio e, depois de analisá-lo, concluíram que vinha de uma fonte de radiação que era uniforme por todo o céu e tinha uma temperatura de apenas 3 Kelvin. Foi logo reconhecido que essa era a radiação emitida no momento em que o universo se tornou transparente. Esta descoberta deu um apoio muito forte à teoria do Big Bang e convenceu muitos cosmologistas de sua validade. Esta radiação de 3 K, ou radiação cósmica em microonda (CMB), parecia ter a mesma intensidade em todas as direções. Significava que ela se originava em lugares com a mesma temperatura e densidade. Isso era um problema. Num meio tão uniforme, como podiam ser formadas as estruturas presentes no universo - estrelas, galáxias, superaglomerados de galáxias? Esta estrutura representa a ausência de homogeneidade que devia existir em uma data primitiva porque, sendo um meio completamente homogêneo, é impossível introduzir nele elementos heterogêneos sem se referir a uma influência exterior. Visto que estas primeiras conclusões foram todas tiradas com base em observações feitas da Terra, com todas as incertezas introduzidas pela passagem de radiação através da atmosfera da Terra, planos foram feitos para que um satélite pudesse fazer observações do espaço e obter maior precisão. Assim, o satélite explorador do fundo cósmico (COBE) foi lançado em 1990. Em 1992 seus resultados tinham sido analisados e pequenas diferenças de temperatura foram descobertas quando olhando em direções diferentes. Estas pequenas flutuações de temperatura e densidade pareciam suficientes para explicar a formação de galáxias e outras estruturas. Como resultado, em suas linhas gerais, a teoria do Big Bang foi aceita pela maioria dos cosmologistas e, com o auxílio da mídia, por muita gente mais. É duvidoso que o modelo do Big Bang tivesse sido recebido com tanto interesse se tivesse sido apenas um modelo para a origem do universo físico, inanimado. Tentando explicar a origem da matéria que se encontra em seres vivos, a teoria do Big Bang ficou envolvida com a teoria da evolução biológica naturalista. Assim, durante os três primeiros minutos, quando o universo era muito quente e denso, crê-se que somente os mais simples elementos químicos - sobretudo hidrogênio e hélio - foram formados. Quando isso foi realizado, a temperatura tinha diminuído tanto que a formação de núcleos de elementos químicos - nucleossíntese - não mais era possível. Portanto, a questão sobre a origem dos elementos químicos importantes para a vida - como oxigênio, nitrogênio, carbono, cálcio e muitos outros - que também são achados m Terra, torna-se uma das mais interessan tes na cosmologia moderna. Depois dos primeiros 300 mil anos: - de acordo com a teoria do Big Bang - quando o universo se tornou transparente, forças gravitacionais ainda fizeram sentir sua influência. Sob esta influência, pequenas heterogeneidade começaram a crescer, atraindo a matéria próxima. Finalmente isso levou à formação de grandes nuvens compostas principalmente de hidrogênio e hélio Essas se contraíram ainda mais, e como resultado a temperatura em seus núcleos subiu. Quando a temperatura central nesses objetos atingiu 10 milhões K, iniciaram-se processos nucleares. O hidrogênio começou a ser transformado em hélio com a produção de muita energia que se tornou visível como radiação, e estrelas "nasceram". Assim, as estrelas brilham por causa das reações nucleares no seu centro. Embora as estrelas sejam enormes, a quantidade de combustível nuclear - hidrogênio que elas contêm não é ilimitada. Depois de consumida grande parte do hidrogênio, o núcleo da estrela entra em colapso, e a temperatura aumenta para cerca de 25 milhões K. A essa temperatura, o hélio que até aqui tinha estado inerte, passa a ser usado como combustível para a etapa seguinte de nucleossíntese, que converte hélio em carbono. Este processo se repete várias vezes, cada ciclo levando menos tempo que o precedente, até que elementos químicos, incluindo o ferro, sejam formados. O que acontece a seguir depende agora da massa da estrela. Se uma estrela tem massa suficiente, explode como uma supernova, produzindo muitos elementos mais pesados que o ferro em bem pouco tempo. Na explosão, a quantidade maior da matéria da estrela volta para o espaço, onde pode formar grandes nuvens das quais uma outra geração de estrelas pode ser formada. Por fim, e muito provavelmente em mais de um lugar, formam-se planetas compostos de massa sólida, incluindo mesmo a Terra. Neste ponto, imagina-se que os processos da evolução naturalística assumam o controle para gerar a vida e desenvolvê-la em seres vivos inteligentes. Quanto ao Big Bang, paramos aqui. Há muito no modelo do Big Bang com o qual os cristãos podem concordar. O universo primitivo era dominado por radiação e luz, lembrando-nos do que ocorreu no primeiro dia da semana da criação. Adão foi formado de material existente na terra, isto é, do pó da terra. O soi, a lua e as estrelas foram feitos quando muitas outras coisas já existiam: o quarto dia vem depois do "princípio". Infelizmente para o Big Bang, há também muitas discrepâncias com Gênesis 1: Os primeiros 300 mil anos, quando o universo se encheu de luz, realmente não podem ser comparados com o primeiro dia de Gênesis; a vida não é criada, mas surge a partir da matéria inanimada; muito mais do que seis dias são necessários para se completar o processo, etc. Fora as diferenças entre a cosmologia e o Gênesis, percebo problemas científicos e filosóficos dentro do próprio modelo do Big Bang. Estes podem ser mencionados brevemente como segue: Problemas científicos. Primeiro, a causa do deslocamento para o vermelho não é necessariamente o afastamento das galáxias. Há outros fenômenos que podem causar um deslocamento para o vermelho. Entre estes, o assim-chamado "deslocamento gravitacional para o vermelho" implica em massas incrivelmente grandes para as galáxias mais distantes; e o assim-chamado "efeito Doppler transversal" exigiria uma revolução muito rápida ao redor de um centro. Lembrando o que Ellen White escreveu sobre "sóis, estrelas e sistemas planetários, todos na sua indicada ordem, a circular em redor do trono da Divindade"1 deveríamos admitir esta possibilidade, especialmente uma vez que a revolução em volta de um centro é uma caraterística geral de objetos cósmicos. Finalmente há também a idéia de que, por interação com a matéria, a luz perderia parte de sua energia durante a longa viagem de uma galáxia distante até a Terra. Em minha opinião, a idéia de "luz cansada" nunca recebeu a atenção que merece. Segundo, na teoria do Big Bang, as partículas elementares como elétrons, prótons, neutrinos, nêutrons e outras, foram produzidas nos primeiros momentos do universo. De acordo com a melhor informação, bem apoiada por experiências de laboratório, tais partículas elementares são formadas em pares: com cada partícula aparece uma antipartícula, feita de antimatéria: pósitrons com elétrons, antiprótons com prótons, etc. Quando uma partícula encontra sua antipartícula, as duas desaparecem num fulgor de energia. No universo muito denso, justamente depois que partículas e antipartículas foram formadas, teria sido inevitável que toda partícula tivesse encontrado sua antipartícula. Como resultado, o universo estaria cheio de radiação e destituído de matéria, exceto partículas como os nêutrons, que não têm antipartículas. Todavia, há muita matéria normal no universo. Ou devia haver alguma assimetria na produção de partículas elementares - com mais partículas normais do que "antis", ou então cerca da metade do universo devia consistir de antimatéria, cuidadosamente isolada da matéria normal. Mas não há indicação disso. Problemas filosóficos. Primeiro, embora a condição do universo durante os primeiros 300 mil anos de sua existência não esteja aberta para observação direta, podemos notar sua condição naquela época a partir do CMB e, assumindo que a expansão ocorreu também antes daquele tempo, extrapolar em direção a épocas anteriores. Regredindo no tempo deste modo, encontramos um universo cada vez mais denso e quente, onde temos de aplicar princípios de física cada vez menos compreendidos a fim de esclarecer o que estaria acontecendo. Inevitavelmente, chegamos a um ponto no tempo antes do qual o universo era tão denso e quente que mesmo nosso conhecimento mais avançado de física teórica não mais pode lidar com essas condições extremas. Chegamos a esse ponto quando estamos a apenas 10-43 segundos do ponto zero, o começo do tempo e do espaço. A condição incompreensível do universo durante esta primeira fração de segundo é chamada uma singularidade. Alguém poderia pensar que uma fração de segundo tão pequena pudesse ser olvidada e que teríamos condições de anunciar triunfalmente que chegamos ao começo do tempo. Mas o problema é que num intervalo de 10-43 segundos o universo já devia conter muita matéria e que, como resultado, não chegamos muito mais perto de compreender de onde veio tudo isso. Alguns dizem que esta matéria "primordial" é o resultado de uma fase prévia do universo, quando ele sofreu colapso depois de ter-se expandido inicialmente. Assim, pode-se inv.ocar um universo que atravessa ciclos repetidos de expansão e contração, com nosso universo simplesmente sendo a versão atual. Este assim-chamado "universo oscilante" não responde realmente à pergunta sobre sua origem. Dizer que sempre houve um universo ou o priva de todo propósito, ou o identifica com o eterno Deus da Bíblia. Nenhuma dessas alternativas é aceitável para o cristão. Outros, sendo mais honestos, lembram que é possível criar matéria a partir de energia. A questão óbvia permanece, naturalmente: de onde veio essa energia? Em minha opinião, um Deus todo-poderoso é a única resposta real. Segundo, o desenvolvimento da teoria do Big Bang durante os últimos 70 anos tem sido cheio de pressuposições, as quais - segundo as regras de raciocínio puramente científico - não deviam fazer parte do processo científico. Entre elas, as seguintes devem ser mencionadas: (1) A expansão do universo é baseada numa filosofia tendenciosa. Em sua interpretação do deslocamento para o vermelho, Hubble adotou a validade da Teoria Geral da Relatividade (não má escolha) e do Princípio Cosmológico - o universo parece o mesmo de qualquer ponto de observação. Embora pareça ser uma hipótese razoável - de fato a única que pode ser feita de modo útil - sua validade em qualquer escala conhecida não é, e talvez nunca seja, confirmada. (2) A teoria do Big Bang é baseada na pressuposição de que a ciência pode explicar tudo, que pode responder a todas as perguntas. Esta é uma pressuposição incapaz de ser provada, e aqueles que crêem em Deus sabem que não pode ser correta. A ciência não tem boas explicações sobre a origem do amor e do ódio, da alegria e tristeza, verdade, beleza, consciência e muitas outras características humanas. (3) Várias teorias alternativas têm sido rejeitadas, muitas vezes sem uma investigação adequada de suas propostas. Teorias assim-chamadas não-científicas, isto é, teorias que contêm elementos de filosofia ou religião, são rejeitadas sem a devida consideração. Assumindo esta atitude, a cosmologia condenou-se a si mesma porque ela também incorporou certas pressuposições filosóficas, não científicas. E, pior, a cosmologia fechou os olhos àquilo que bem poderia ser uma parte essencial da realidade e do universo. Isso é mais bem visto naquilo que considero o dogma não expresso mas muito bem entendido da cosmologia, segundo o qual o Deus da Bíblia e do Calvário não existe, e qualquer deus no qual creiamos é fruto de nossa própria imaginação. Com base do que dissemos acima, precisamos concluir que a cosmologia moderna, representada pela téoria do Big Bang, pode ter seu mérito ao explicar numerosos aspectos do universo físico, inanimado, mas é uma teoria pobre quando se trata de explicar tudo, deixando muitas questões sem resposta. Como Roberto Jastrow conclui em seu livro, God and the Astronomers: "Neste momento parece que a ciência nunca poderá levantar a cortina que cobre o mi~stério da criaçâo. Para o cientista que teri~ vivido por sua fé no poder da razão, a história termina como um pesadelo. Ele escalou as montanhas da ignorância; está a ponto de conquistar o pico mais alto; ao alcançar finalmente a última rocha, é saudado por um grupo de teólogos que aí se assentavam havia séculos". É possível, então, harmonizar a cosmologia moderna com a Bíblia? Deverse-ia tentar fazê-lo? E, em caso afirmativo, como pode ser feito? Não obstante as últimas considerações críticas, permitam-me dizer que admiro o método e o empreendimento científicos. Aprendemos sobre a natureza muita coisa que nos pode ajudar a viver vidas mais confortáveis. Além disso, a ciência é um dos métodos de Deus comunicar-Se conosco a respeito dEle mesmo e Seus planos para nós. "Os céus" ainda "proclamam a glória de Deus" (Salmo 19:1). Mas há pelo menos dois problemas com esta forma de comunicação. O pecado prejudicou a obra de Deus, que Lhe reflete o caráter apenas obscuramente. E nossa compreensão da natureza, e dAquele que deseja revelar-Se através dela, é incompleta enquanto houver lacunas em nosso conhecimento das leis da natureza que nos deviam ajudar a interpretar a mensagem de Deus corretamente. Ao mesmo tempo, não nos esqueçamos de que não podemos recuar para a torre de marfim da teologia e explicar tudo ao nosso redor a partir da Bíblia somente. Com efeito, é precisamente por causa de nossa compreensão incompleta, tanto da natureza como das leis de Deus, que muitas vezes elas parecem contradizer-se. Mas Deus é o autor de ambas, e não pode haver conflito se as coisas são compreendidas corretamente. Precisamos das duas disciplinas a fim de ver sentido no universo em que vivemos. Albert Einstein disse certa vez: "A religião sem a ciência é cega; e a ciência sem a religião é manca". Continua difícil saber exatamente como havemos de combinar as descobertas da ciência com nossa compreensão da Bíblia, no esforço por obter respostas às nossas perguntas sobre as origens. Creio que Deus criou o universo. "No princípio" pode bem significar que Ele começou Sua obra da criação há muito tempo. A cosmologia, se bem compreendida, diz-nos como Deus iniciou a obra de preparar um planeta com suficiente pó da composição química correta para formar seres humanos e mantê-los vivos. Então Deus coroou Sua obra de criação. Em seis dias Ele preparou a Terra para ser habitada e então criou muitos seres viventes, entre eles a humanidade para ocupar um lugar especial. O resto da Bíblia conta-nos o que aconteceu a seguir, e como - a despeito de nossa rebelião - o magnífico plano de Deus será finalmente cumprido naqueles que aceitam a redenção oferecida mediante Jesus Cristo. O cumprimento deste plano inclui a oportunidade de aprender a verdade real sobre o universo, e eu trocarei minha opinião de bom grado se o Criador me disser que Ele o fez de outro modo. - Mart de Groot (Doutor em Ciências Naturáis, Universidade de Utrecht) é associado de pesquisas no Observatório de Armagh no Norte da Irlanda. Seu endereço postal: 2 Sandymount Road; Richhill, Co. Armagh; BT61 8QP Irlanda do Norte, Reino Unido. E-mail: mdg@star.arm.ac.uk Notas e referências: 1. Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), págs. 677, 678. 2. Robert Jastrow. God and the Astronomers (New York: W. W. Norton & Co., 1978). 3. P Frank. Einstein: His Life and Times (New York: Alfred Knopf, 1947).O universo em expansão:
O Big Bang:
O processo de nucleossíntese:
Problemas científicos e filosóficos:
Conclusão: